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20 de Março, 2024

Estágio Académico, em parceria com a Universidade de Coimbra - Testemunho Dr.ª Bianca Barbosa

Sou a Bianca, concluí a licenciatura em Psicologia na Universidade dos Açores e atualmente, frequento o segundo ano do mestrado em Intervenções Cognitivo-Comportamentais em Psicologia Clínica e da Saúde, na Universidade de Coimbra. No âmbito deste mestrado iniciei, em outubro, o estágio curricular no Centro de Desenvolvimento Infantojuvenil dos Açores (CDIJA), com orientação da Dra. Helena Arruda (Mestrado Integrado em Psicologia Clínica, pelo ISPA).
A experiência de estágio no CDIJA tem sido muito enriquecedora e diversificada, proporcionando o contacto com diferentes contextos, realidades, dificuldades e/ou quadros clínicos, através da observação e dinamização de consultas, com enfoque quer na avaliação, como na intervenção. Isto permitiu-me aplicar na prática e aprofundar conhecimentos, o que contribuiu também para o meu desenvolvimento profissional e aquisição de novas aprendizagens, das quais destaco o modo de avaliação e intervenção na Perturbação do Espetro do Autismo, que era uma área que tinha pouco domínio e tive oportunidade de observar e aprender em contexto real, neste centro que é certificado pela International Board of Credentialing and Continuing Education Standards.
Além disto, este estágio tem promovido a reflexão sobre a suprema importância da parentalidade, pois a meu ver, os pais devem ser os principais aliados dos técnicos, para que de facto se consiga eliminar fatores de manutenção e se atinja os objetivos terapêuticos. Esta temática é também foco da investigação inerente à minha tese de mestrado, nomeadamente, a relação entre a parentalidade consciente, a expressão emocional das crianças e o desenvolvimento de sintomatologia internalizante – ansiosa e depressiva.
De facto, estar consciente do momento presente, nomeadamente, da experiência interna (pensamentos, sensações corporais, emoções) e externa (filhos, família, contexto), é fundamental na interação pais-filhos. Exercer uma parentalidade consciente implica permitir-se parar, agindo com maior autorregulação e foco nas necessidades dos filhos, sem julgamentos. Logo, pais conscientes ouvem com total atenção, reforçam comportamentos adequados e transmitem expetativas claras sobre o comportamento pretendido, evitando dar mais de uma ordem de cada vez. Ademais, tomam decisões menos impulsivas, reconhecem e apoiam a expressão emocional das crianças e adolescentes. Por fim, têm maior compaixão consigo mesmos, evitando a auto-culpabilização, pelas dificuldades dos filhos.
Sabe-se que isto se relaciona com uma parentalidade mais positiva, que incentiva a autonomia, o bem-estar e a saúde mental, uma vez que as crianças aprendem a expressar-se e a regular as suas próprias emoções, em vez de as suprimir ou evitar. Por isso, embora nem sempre seja fácil ter esta abordagem parental, atendendo às responsabilidades e tarefas que os pais têm de completar diariamente, é muito importante em contexto de intervenção com crianças e adolescentes, como é o caso do CDIJA, a promoção desta abordagem parental e, consequentemente, um ambiente de desenvolvimento socioemocional mais saudável. Neste sentido, tem sido uma mais valia contactar com os pais, para além das crianças e adolescentes, no âmbito deste estágio.

Bianca Silva Corrêa (estagiária)